quinta-feira, 25 de junho de 2020

Sobre ser de Júpiter

Já não sou a mesma pessoa do texto anterior, hahaha, sou também ele mais um pouco mais. Na verdade eu já era ele, só estava esquecido... Esqueci que acho que sou de Júpiter, sou desse estado gasoso, as formas plasmadas me entediam, gosto da constância do movimento, quero tudo mexendo, por isso danço, porque gosto de tudo fluindo, gosto de como as coisas são, gasosas em algum tempo de sua vida. Antes de ser cinza cada vivo que já morreu era sólido, hoje só são ideias que plastificamos diariamente. Fiz isso hoje com uma foto de meus pais na praia, um TBT, um tiro de saudade. Eles não existem mais juntos, um já se foi, mas eu os recriei na minha rede, fiz um post, uma crônica sobre pertencimento, lá disse que era um hino ao lugar da foto, mas era mais... Era sobre o lugar que meus pais eram para mim, um lugar diverso, parecia uma roda gigante, eu tinha medo de roda gigante. Mas propus um desafio a ela e vez ou outra a visito. Assim também como a meus pais... Minhas rodas gigantes que me ensinaram muito, me ensinam e ensinarão. Ela me ensinou a ser forte como aquela tempestade maior que a Terra que assombra Júpiter, ele me ensinou a ser gasoso, não ter uma forma específica, somos tantos para ser um só, diria ele. Já foi de tudo e de formas específicas povoa a mente de quem com ele cruzou.
É preciso ter fé em Júpiter, por isso vim de lá.
Saudades, Júpiter.


sábado, 28 de março de 2020

Sobre fósforos, morte e vida para sempre

    Focando aqui em um monte de fósforos queimados dentro de um crânio dourado vindo de Bali, comprado em Arraial d'Ajuda - Porto Seguro - Ba, me lembrei de uma coisa que fiz na época em que morei lá, um desenho que imaginei que poderia se tornar uma instalação artística, uma dessas coisas estranhas que artistas acreditam que dizem tudo de modo muito claro, para eles é transparente o discurso de suas obras. Eis a minha: era uma série de fósforos sendo queimados, acabando de queimar até o pó e outros esperando dentro da caixa sua vez de serem queimados. Acho que queria falar sobre vida e morte, talvez mais morte do que vida, naquela época eu tava muito perdido, não sabia muito para onde ir... Fiz esse desenho na minha agenda de trabalho, enquanto meus alunos faziam uma atividade. Achei genial! Pintei a caixa de roxo, fiz um desenho como se fosse uma fábrica que faz fósforos para serem queimados por fósforos, que loucura, claro, isso é genial!
    Resumindo, acho que queria morrer!
   Hoje lembrei disso e percebi que tenho mudado a minha concepção do mundo, estou um pouco mais consciente. Acho agora que quero viver mais, para aprender, para saber mais, para me aprofundar mais, deixar de ser raso... A morte não pode ser o fim! Talvez seja um fim para o qual a humanidade não quer ir e, por isso, tenta burlar a morte criando meios de viver mais... Daqui uns séculos viveremos um milênio! Vamos ver a era clássica, a idade média e renascimento... mas hoje ainda não... talvez apenas contemplemos o que podemos ser, como diz Yuval. 
   Estava pensando, por que desperdiçamos tantas vidas? Por que escolhemos a morte deles? Por que não usamos a potência humana que a todos reside? Todos e qualquer um pode descobrir um meio para deter o fim! Acredito nisso agora, se fosse fazer uma instalação sobre fósforos, eu faria sobre a vida eterna aqui no nosso lindo e misterioso planeta!